quinta-feira, 9 de maio de 2013

Poder, política e Estado.


Poder, política e Estado.

O Estado moderno teve o seu início com o fim do feudalismo na Europa, onde o poder estava nas mãos dos senhores feudais, o rei tinha pouca força, sendo muito dependente dos líderes dos feudos para poder manter seu poder.

Tipos de Estados modernos.

1 - Absolutismo – surge em Portugal no fim do século XIV, espalhando-se por toda a Europa. Seu ponto auto ocorreu na França no reinado de Luís de XIV.

Sua característica era o total controle do rei sobre tudo o que ocorria no Estado, principalmente no que se refere às atividades econômicas.

2 - Estado liberal – teve seu início com as ideias Iluministas que se opunham ao absolutismo, tendo como valores principais o individualismo, a liberdade e a propriedade privada.

Era contrário a concentração do poder do Estado na mão do rei, estabelecendo a separação entre o público e o privado.

3 - Estado nacionalista – que se divide em: Estado fascista, Estado soviético e Estado do bem estar social.

Os Estados nacionalistas surgem com a saturação econômica e social dos Estados liberais. Esta forma de poder político do Estado tomou força principalmente após o fim da I Guerra Mundial.

3.1 - Estado Fascista – organizado nas décadas de 1920 e 1930, primeiro na Itália e depois na Alemanha, com o nazismo. Que era a aplicação do capitalismo de uma forma extrema, com total controle do Estado.

3.2 - Estado soviético – ocorreu na Rússia após a revolução de 1917, sendo a primeira experiência socialista de um país. Onde o Estado controlava toda a produção inclusive as indústrias. A diferença entre ambas é que no fascismo a participação política só poderia ocorrer com a plena adesão da população ao regime político aplicado pelo seu líder, sem oposição. Já no Estado soviético a participação dos trabalhadores só pode ocorrer a partir da organização do Partido Comunista.

3.3 - Estado do bem estar social – esta forma política de poder ocorreu nos países capitalistas após a II Guerra Mundial que tinha por finalidade a construção do país com subsídios das empresas estatais, garantindo moradia, escolas públicas, seguro desemprego, etc. Rompendo com o principio do liberalismo econômico, que rejeitava qualquer intervenção do Estado na economia. Esta prática visava o bem-estar da maioria da população. 

4 - O Estado neoliberal – passa a correr após a crise do petróleo de 1970, acaba levando os países capitalistas a uma grave crise, estourando várias manifestações em muitos países. Alguns analistas afirmaram que o endividamento desses países se dava devido aos gastos com a manutenção da política do bem-estar dos cidadãos, ou seja, os serviços políticos deveriam diminuir e a solução seria vender as empresas públicas, tornando-as privadas. Nasce, assim, o que se convencionou chamar de Estado neoliberal.No entanto o Estado não se afasta por completo dos gastos públicos, já que não se afasta da área militar ou em gastos para amparar grandes empresas do sistema financeiro. Os setores que irão sentir mais esse afastamento do Estado estão ligados aos trabalhadores e aos setores marginalizados da sociedade, como assistência social. Direito dos trabalhadores, saúde pública, habitação e transporte. 

O poder e o Estado.

As teorias sociológicas clássicas sobre o Estado.

Existem três autores que nos fazem refletir sobre as teorias de poder do Estado: Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber. Vamos a elas.

Karl Marx não chegou a formular nenhuma teoria concreta a respeito da relação do Estado e o poder, tendo em vista que o capitalismo ainda estava se formando e ainda interferia de forma tênue, no entanto ele analisou esta relação, Estado e poder, onde o vê como defensor dos interesses da sociedade capitalista, ou seja, da burguesia, até mesmo quando analisa as empresas estatais, pois neste caso o Estado passa a ser a sociedade capitalista, a burguesia.

Emile Durkheim teve como base a sociedade francesa do final do século XIX, onde o Estado ficava acima das organizações comunitárias, porém ele é fundamental na formação de uma sociedade mais completa e maior. Para ele a comunicação entre os grandes governantes e governados é fundamental e se dá através da acomodação do cidadão com relação aos atos do governo.

Com relação à democracia, Durkheim acha que ela acaba por não defender os interesses da coletividade, tendo em vista que não é o total da população que vota, e somando o total de votos os candidatos eleitos tiveram menos votos do que os dos que venceram, ou seja não tiveram a maioria absoluta dos votos. (relação feita à eleição que ocorreu na França em 1893).

Max Weber, diferente dos outros teóricos clássicos, não observava apenas o que ocorria em seu país, a Alemanha recém unificada por Otto Von Bismarck, um Estado que era fundamentado no Exército, nos proprietários de terra, de grandes indústrias e na elite dos servidores público, ele também observou o que vinha ocorrendo tanto nos EUA, como na Inglaterra e na Rússia de 1905. 

Ao observar estes Estados pôde ver que o poder estatal está na mão da burocracia militar e civil, onde o “homem domina o homem” com uma violência vista como legítimas dês de que imposta pelo Estado. Podendo ser aplicada de três formas diferente: autoridade aplicada para defender os costumes, as normas e as tradições, exercidas pelos patriarcas ou pelos príncipes patrimoniais; a carismática, exercida por que tem na autoridade o carisma pessoal, por heroísmo ou qualquer outra autoridade de liderança, normalmente praticada por líderes religiosos ou militares, profetas, herói revolucionários e líderes de um partido; e a legal, que ocorre devido à existência de um estatuto ou regras que a população deve seguir para que assim o Estado possa funcionar perfeitamente. Normalmente aplicado por burocratas “servidores do Estado”.

Com essas três formas de poder através da violência de Weber, podemos concluir que ele vê o Estado como mais uma organização burocrática da sociedade.  

Representação democrática.

A soberania popular é a base da democracia e ela se dá através do voto popular. Porém, no início da democracia os liberais só davam direito ao voto às pessoas que tinham um poder financeiro, ou seja, os próprios liberais, excluindo todo o restante da população. Isso pode ser observado na Inglaterra, berço do Parlamentarismo democrático, após 1688 (fim da Revolução Gloriosa) apenas 2% da população tem o direito ao voto, em 1832 passa para 5% e apenas em 1928 as mulheres podem votar. Isso mostra como foi difícil e árduo o direito do voto às camadas menos favorecidas. Muitos pensadores  do final do século XIX  e do início do século XX achavam que as pessoas menos favorecidas economicamente não tinham tempo para se interessar por política, já que trabalhavam muito, então não poderiam votar, só as elites tinham uma capacidade para analisar e compreender o bem comum e com isso poderiam discernir o melhor para a população.

Devido a pressões populares urgem os partidos políticos, que irão defender suas ideologias e influenciar os políticos membros do Parlamento que era composto por proprietários. Esses discutiam as leis que regeriam a sociedade como um todo com base na visão deles. Após a entrada de outros setores da sociedade é que o Parlamento passe a ser dividido, um lado irá tentar mantê-lo, e o outro lado, principalmente após a participação política dos trabalhadores e de outros setores da sociedade, vão tentar defender outros interesses.

Por isso o pensador francês Claude Lefort diz o seguinte em seu livro “A invenção democrática de 1983: “é uma aberração considerar a democracia uma invenção da burguesia. Essa classe sempre procurou impedir que o liberalismo se tornasse democrático, limitando o sufrágio universal e a ampliação de direitos, como os de associações e de greve, e criando outras tantas artimanhas para excluir a maior parte da população da participação nas decisões políticas.”

Para haver democracia em país é necessário existir alguns critérios.

·         Eleições limpas e claras para o Executivo, Legislativo e Judiciário;

·         Direito de voto a maioria da população;

·         Proteção e garantia às liberdades civis e partidárias, como: liberdade de imprensa, de expressão, direito ao habeas corpus e outros que compreendem o componente liberal da democracia;

·         Controle efetivo das instituições legais e de segurança e repressão – Poder Judiciário, Forças Armadas e Forças Policiais. Isso possibilitaria avaliar o genuíno poder de governar das autoridades eleitas, sem que estas fossem ofuscadas por setores políticos não eleitos, como as instituições apontadas, que muitas das vezes dominam nos bastidores.

A sociedade disciplinar e a sociedade de controle.

Vamos observar agora alguns pensadores que analisam a questão do poder e da política de modo diferente. Agora o poder e a política passam a ser elementos que estão presentes em todos os momento de nossas vidas, e entre esses filósofos estão o francês Michel Foucault (1926-1984) e Gilles Deleuze (1925-1995).

Foucault se propôs analisar a sociedade com base na disciplina no cotidiano. Para ele, todas as instituições procuram disciplinar os indivíduos desde que nascem, pois o fundamental é distribuir, vigiar e adestrar os indivíduos em espaços determinados. Nesse sentido, em seu livro “Microfísica do poder”, ele afirma: “nada é político, tudo é politizável, tudo pode tornar-se político”. Ao seguirmos as pistas de Foucault e de Deleuze, podemos observar a existência de uma sociedade disciplinar, mas estamos percebendo a existência de uma sociedade de controle.

A sociedade disciplinar procura organizar grandes meios de confinamento: a família, o exército, a escola, as fábricas e em alguns casos o hospital e a prisão. O indivíduo passa de um espaço fechado para outro e não para de recomeçar, pois em cada instituição deve aprender algumas coisas, principalmente a disciplina específica do lugar.

A sociedade de controle está aparecendo lentamente, e alguns de seus indícios já são perceptíveis. Ele PE como uma “prisão ao ar livre”, expressão do filósofo alemão Theodor Adorno. Os métodos de controle utilizados são de curto prazo e de rotação rápida, mas contínuos e ilimitados. São permanentes e de comunicação instantânea. (Texto baseado no livro, Sociologia par o ensino médio de Nelson Dácio Tomázio, entre as páginas 96 a 112).

Revolução Inglesa.


A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA

As palavras, muitas vezes, são testemunhas que falam mais que os documentos. Consideremos algumas palavras que foram inventadas, ou ganharam seus significados modernos, substancialmente no período de 1789-1848, palavras como “indústria”, “industrial”, “fábrica”, “classe média”, “classe trabalhadora”, “capitalismo” e ”socialismo”. Ou ainda “aristocracia”, “ferrovia”, “liberal” e “conservador” (como termos políticos), “nacionalidade”, “cientista”, “engenheiro”, “proletariado” e “crise” (como termos econômicos). ”Utilitário”, “estatística”, “sociologia” e vários outros nomes das ciências modernas, “jornalismo” e “ideologia”, todas elas cunhagens ou adaptações deste período. Como também “greve” e “pauperismo”. (Adaptado de HOBSBAWM, J. ERIC. A Era das Revoluções. 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 1997, p.17)

DA OFICINA ARTESANAL À FÁBRICA MODERNA

Produção artesanal:

• O artesão possuía os meios de produção (oficina, ferramentas etc.).

• Realizava todas as etapas da produção.

• Trabalhava em família, admitia auxiliares, (ganhavam por dia). Na oficina, também existiam aprendizes.

• As oficinas organizavam-se em corporações de ofício.

Chamamos de Revolução Industrial o processo que consistiu na substituição da produção artesanal na produção de mercadorias pelas fábricas, provocando transformações na organização social. A Revolução Industrial ocorreu, na Inglaterra, no século XVIII.

Por que o pioneirismo inglês?

Ao término da Revolução Gloriosa de 1688, a burguesia inglesa conseguiu impor limites ao poder do rei e criou uma política econômica baseada na livre iniciativa. Essas medidas permitiram à Inglaterra conquistar mercados coloniais em diversas partes do mundo, já que possuía a mais poderosa frota naval da época. Esse acesso aos mercados mundiais deu aos ingleses condições para a industrialização: capital, matérias-primas e mercado consumidor. Internamente, durante os séculos XVI e XVII, milhares de camponeses foram expulsos de suas terras, para que fossem transformadas em pastagens para criação de ovelhas, produção de lã, matéria-prima para a indústria de tecidos. O cercamento dos campos provocou uma grande migração para as cidades.

A DIVISÃO DE TRABALHO NAS FÁBRICAS.

O desenvolvimento das máquinas foi importante para a expansão da Revolução Industrial. A divisão do trabalho foi fundamental para o crescimento da produção das fábricas. Com a divisão do trabalho, cada operário recebia uma tarefa diferente, o que promovia um aumento da produção. Se uma pessoa realizar sozinha as cinco fases, por exemplo, na fabricação de um produto produzirá apenas uma unidade por dia. Dividindo as tarefas, cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das fases, poderão produzir 10 unidades em um dia de trabalho.

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA.

1.      Fábricas: utilização de máquinas e divisão do trabalho. O trabalhador não tem controle do processo de produção. Mercadorias de melhor qualidade e mais baratas.

2.      Expansão colonialista: conseguir matérias-primas e novos mercados consumidores.

3.      Migração do campo e crescimento da população urbana: péssimas condições de trabalho, excessiva jornada de trabalho, mão de obra mais barata.

4.      Expansão do capitalismo, melhoria das comunicações e meios de transportes. Surgimento dos operários industriais.

A MÁQUINA A VAPOR E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA.

A máquina a vapor foi inventada por Thomas Newcomen. Ela tinha um baixo rendimento e consumia muito carvão. James Watt procurou reduzir as perdas de energia da máquina e assim multiplicar sua utilização. Em 1768, ele registrou os primeiros aperfeiçoamentos que fizeram dele, de fato, o inventor de uma máquina a vapor digna deste nome. Em 1786, dispunha de um aparelho que podia ser adaptado não somente a uma bomba como também a um moinho, a uma tecedeira etc. James Watt, que era um simples técnico, teve a oportunidade de associar-se ao industrial Boulton que o encorajou e o apoiou durante esses duros anos de luta. O nome de Watt foi dado à unidade de medida da força necessária a uma máquina para efetuar um determinado trabalho num segundo. Vulgarmente empregado em eletricidade, o watt é usado nas lâmpadas elétricas, cuja potência define com precisão. (GABALDA, J e BEAULIEU, R. Naquele dia aconteceu. Lisboa, Bertrand, 1981, p.16)

Obs.: A máquina a vapor, aperfeiçoada por James Watt para a Revolução Industrial Inglesa, reduziu as perdas de energia e multiplicou a sua utilização.

A Revolução Industrial Inglesa e o seu alto custo social:

1.      Os artesãos empobreceram, pois suas antigas formas de produção não permitiam que competisse com o ritmo de produção das fábricas.

2.      Os camponeses, expulsos do campo, ficaram em uma situação miserável e, assim como os artesãos, foram forçados a se dirigir para os centros urbanos industriais para trabalhar nas fábricas, vendendo sua força de trabalho.

Nos centros industriais, antigos artesãos e camponeses eram obrigados a viver em péssimas condições. Além dos baixos salários que recebiam, faltavam condições básicas como moradia, educação e saúde. Os trabalhadores não tinham quaisquer direitos e vários protestos e revoltas ocorreram e foram duramente reprimidas pelos donos das indústrias e pelo governo.

Além dos protestos e revoltas dos trabalhadores, vários pensadores denunciaram as condições de trabalho impostas aos operários. Leia o que Marx e Engels escreveram a respeito do trabalho nas fábricas modernas: “A indústria moderna transformou a pequena oficina do antigo patrão patriarcal na grande fábrica do burguês capitalista. Massas de operários, amontoados na fábrica, são organizados militarmente. São como soldados industriais, estão sob a vigilância de uma hierarquia completa de oficiais e suboficiais. Não são somente escravos da classe burguesa, do Estado burguês, mas ainda diariamente, a toda hora, escravos da máquina, do contramestre e, sobretudo, do dono da fábrica. Quanto mais esse despotismo proclama abertamente o lucro como seu fim único, tanto mais é mesquinho, odioso e exasperador.” (MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Editorial Vitória, 1948.)

A exploração do trabalho de mulheres e crianças.

Uma das consequências sociais da Revolução Industrial Inglesa foi a exploração do trabalho de mulheres e crianças. Os donos das fábricas achavam que mulheres e crianças eram mais submissas à disciplina do sistema fabril. Recebiam menos por seus trabalhos e eram obrigadas a uma jornada de trabalho que, às vezes, chegava a dezesseis horas, em ambientes precários.

 

Retirado e adaptado da Apostila de História da Coordenadoria de Educação do Rio de Janeiro de 2012 das páginas 2 a 11.

sábado, 4 de maio de 2013

Revolução Russa.


Revolução Russa.

A Revolução Russa foi um movimento ocorrido entre 1917 e 1928 que derrubou a monarquia no país e culminou na criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou apenas União Soviética, o primeiro país socialista do mundo. O processo foi de intensa agitação política e militar e influenciou de maneira decisiva a história do século XX, ao dar origem a uma das potências que dominaram por décadas a geopolítica global.

Antecedentes.

No final do século XIX, a Rússia não havia passado pelas reformas ocorridas na Europa Ocidental a partir do fim, da Idade Média. Na política, vigorava ainda o absolutismo, personificado na figura do czar, o imperador russo. E, na economia, mantinham-se as características feudais: a agricultura – baseada no trabalho dos mujiques, servos camponeses – era de longe a atividade mais importante, e a maioria das terras pertencia à nobreza – os boiardos – e ao clero da Igreja Ortodoxa.

A industrialização, tardia, era um fenômeno recente, restrito a algumas cidades. Por depender do capital de outros países, a Rússia não foi capaz de produzir uma burguesia local forte. O proletariado, ao contrário, embora também fosse pequeno, organizou-se de forma sólida e combativa, mantendo vínculos estreitos com as massas camponesas.

Entre esses operários germinaram as ideias revolucionárias vindas da Europa Ocidental, o que permitiu o aparecimento de grupos políticos de oposição ao czar. O mais influente era o Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), inspirado no marxismo. Em 1903, ele se dividiu em duas facções, os bolcheviques (que quer dizer maioria), liderado por Vladimir Lênin, defensores da tomada do poder pelos operários e camponeses; e os mencheviques (minoria), encabeçado por Iulii Martov – adeptos da revolução gradual, por meio de reformas.

Após a derrota na Guerra Russo-Japonesa, os ânimos populares se inflamaram e estourou a Revolução de 1905. No episódio mais marcante, o Domingo Sangrento, uma manifestação pacífica em São Petersburgo foi massacrada pelo Exército. O clima do país ficou tenso, seguindo-se várias greves e protestos. Operários, camponeses e soldados organizaram-se em conselhos denominados sovietes – mais tarde controlados pelos bolcheviques. A burguesia forçou a instalação de um parlamento – a Duma –, em 1906.

Revolução Menchevique.

Os altos gastos militares com a I Guerra Mundial intensificaram o descontentamento com o governo. A insatisfação alcançou o auge em 1917, na Revolução de Fevereiro, quando o exército se negou a marchar contra uma manifestação popular em Petrogrado (como era conhecido São Petersburgo). Enfraquecido, o czar Nicolau II foi obrigado a abdicar.

Os mencheciques, apoiados pela burguesia, instalaram a República da Duma, de caráter liberal, liderada por um nobre, o príncipe Lvov. O fracasso na I Guerra Mundial levou a sua substituição por um socialista moderado, Alexander Kerensky.  

Apesar da concessão, a oposição bolchevique se fortaleceu, Leon Trotski, presidente do soviete de Petrogrado, criou a Guarda Vermelha formada por milicianos operários, Lênin, que estava exilado na Finlândia, voltou clandestinamente ao país e incitou os sovietes a tomar o poder por meio de uma revolução. Sob os lemas “Pão, paz e terra” e “Todo o poder aos sovietes”, os bolcheviques defendiam a retirada do país da guerra, a tomada do poder pelos conselhos populares e uma ampla reforma agrária.  

Revolução Bolchevique ou Revolução de Outubro.

Em 25 de outubro (segundo o calendário Juliano, que vigorava na Rússia), eclodiu a revolução popular. Apoiados pelas massas, os bolcheviques derrubaram a Repúbica da Duma e instituíram a Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. Ele então deu início à mudanças dos sistema econômico do país, cocedendo aos camponeses o direito exclusivo de exploração das terras, transferindo o controle das fábricas aos operários, expropriando as indústrias e nacionalizando os bancos. No ano seguinte a Rússia saiu da I Guerra Mundial ao assinar a paz em separado com a Alemanha (Paz de Brest-Litovsk), aceitando entregar a Polônia, a Ucrânia e a Finlândia. O POSDR passou a chamar-se Partido Comunista Russo – o único permitido no país.

Aristocratas e mencheviques reagiram. Chamados de Brancos, eles receberam ajuda de países como Reino Unido, França, Japão e Estados Unidos, e a nação mergulhou numa guerra civil. Para combater os contrarrevolucionários, Trostki organizou o Exército Vermelho. O conflito acabou em 1921, com a vitória bolchevique. Milhares de adversários do governo foram fuzilados, incluindo o czar e sua família.

Para recuperar a economia, abalada pelo conflito, Lênin estabeleceu a Nova Política Econômica (NEP): uma série de medidas capitalistas temporárias que deveriam preparar terreno para a instalação do socialismo. Ele permitiu a criação de empresas privadas e o comércio em pequena escala e autorizou empréstimos externos. Em 1922 foi instituída a URSS, reunindo as diversas regiões do antigo Império Russo.

A morte de Lênin em 1924 provocou uma luta pelo poder entre Trotski e Josef Stalin, secretário-geral do Partido Comunista. O primeiro defendia a ampliação da revolução para outros países – a revolução permanente. Já o segundo pretendia implantar o socialismo apenas na URSS. Stalin venceu, expulsou o adversário do país e implantou, a partir de 1928, o regime mais tarde batizado de Stalinismo. (Texto retirado da Revista História Vestibular 2012, páginas 72 e 73).

OBS: Nunca existiu um Estado Comunista, já que para Max o comunismo era o ultimo estágio do socialismo, onde o Estado despareceria.

 

I Guerra Mundial.


A Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Um encadeamento de crises.

Ao terminar o século XIX, quase todos os países viviam sob a supremacia européia. A expansão imperialista, a superioridade industrial e o poderio financeiro deram à Europa o controle mundial. Era o centro de decisão, e tudo o que ali se passava repercutia no restante do mundo. Internamente, os países europeus gozavam de tranqüilidade social e dos benefícios materiais propiciados pelos avanços tecnológicos. Devido a essas condições, chamou-se Belle Époque (Bela Época) ao período situado entre 1890 e 1914.

Mas o clima de paz da Belle Époque era aparente. Havia muitos pontos de conflito entre os países europeus. A França não aceitava a perda da Alsácia-Lorena, ocorrida em 1871, para a Alemanha. Confrontos militares entre franceses e alemães pela posse de Marrocos (em 1905, 1911 e 1912) agravaram ainda mais a rivalidade entre os dois países.

A Alemanha era uma importante potência industrial. Superava os ingleses na produção de aço e ferro, fabricava máquinas, armamentos, navios e automóveis de excelente qualidade e sua indústria química não tinha rivais. Interessado em conquistar o mercado consumidor do Império Turco (ou Otomano), o governo alemão planejava construir a ferrovia Berlim-Bagdá, que daria acesso às populações orientais.

A Inglaterra sentia-se ameaçada com o crescimento econômico da Alemanha. Além disso, o imperador alemão não escondia suas pretensões expansionistas na Europa: defendia a união de todos os povos de língua alemã e proclamava suas idéias em favor da guerra.

O Império Otomano, em decadência, enfrentava numerosos movimentos nacionalistas na região dos Bálcãs. Outros países aproveitaram-se dessas guerras separatistas para tomarem territórios. A Austra-Hungria anexou a Bósnia-Herzegovina ao seu império. O pequeno reino da Sérvia planejou formar a “Grande Sérvia” e ocupar os territórios austríacos e dos turcos. A Rússia desejava os estreitos de Bósforo e Dardanelo, o que lhe daria uma saída para o mar Mediterrâneo.

O Império Russo se proclamou protetor das minorias eslavas, como os tchecos, búlgaros, macedônios e iugoslavos, apoiando seus movimentos separatistas. Essa política provocou tensões com a Austria-Hungria, cujo império multinacional reunia austríacos, alemães, húngaros, romenos, italianos e eslavos (entre eles, a população da Bósnia).

A Grande Guerra.

As hostilidades entre países europeus levaram à formação de blocos antagônicos. De um lado a Alemanha, a Áustria-Hungria e Italiana, que formaram a Tríplice Aliança. De outro, a Grã-Bretanha, a França e a Rússia, que formaram a Tríplice Entente.

Para se proteger, ao mesmo tempo, superar e intimidar seus rivais, cada país tratou de melhorar seu equipamento bélico. Aumentou-se a produção de fuzis, metralhadoras e canhões alem de aperfeiçoarem as frotas, além do estímulo á invenção de novas armas, como lança-chamas e o gás venenoso. O serviço militar tornou-se obrigatório em quase todos os países europeus. As fronteiras foram fortificadas. A Europa preparava-se para a guerra.

Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, em visita diplomática a Sarajevo, na Bósnia, foi assassinado junto com a esposa por um jovem sérvio (28/06/1914). Acusando a Sérvia de favorecer o atentado, a Áustria-Hungria declarou-lhe guerra um mês depois. Os pactos entre os países de cada bloco foram acionados. Em uma semana, seis países estavam em guerra: Áustria-Hungria e Alemanha (a Itália não os acompanhou na declaração de guerra) – as chamadas potências centrais – contra Sérvia, Rússia, França e Inglaterra – os aliados. Começava a Primeira Guerra Mundial.

Animados por um nacionalismo chauvinista e xenófobo, milhares de jovens seguiram para os combates. Desrespeitando a neutralidade da Bélgica, tropas alemãs invadiram o país e chegaram ao norte da França. Ali permaneceram abrigados em trincheiras, valas protegidas por arames farpados. Poucos quilômetros à frente, os soldados franceses estavam também entrincheirados. Por três anos e meio, os combates do lado ocidental estabilizaram-se numa guerra de posições em que se procurava vencer o inimigo lenta e progressivamente.

A maioria dos combates ocorreu na Europa, mas, com a entrada de outros países na guerra, a luta estendeu-se a outros continentes. Em 1917, a Rússia, convulsionada por uma revolução interna, retirou-se da Guerra. No mesmo ano, os submarinos alemães começaram a atacar navios mercantes que transportavam suprimentos aos aliados. A ação provocou a declaração de guerra dos Estados Unidos à Alemanha.

Em 1918, diante de pesadas derrotas e de revoltas da própria população, esgotada pela guerra, o imperador da Alemanha renunciou. Foi proclamada a República alemã, e o novo governo declarou o cessar-fogo. Terminava a Grande Guerra.

Mudanças provocadas pela guerra.

A Primeira Guerra Mundial. Trouxe profundas mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais.

Durante o conflito, os governos dos países combatentes passaram a dirigir a economia para garantir o fornecimento de armas, munições e suprimentos aos soldados, além do abastecimento à população civil. Cresceram as importações de carvão, ferro, nitrato do Chile (para fabricação de explosivos), alimentos e tecidos, entre outros itens. Para custear as despesas de guerra, os países europeus contraíram enormes dívidas. Os estados Unidos, apesar de neutros até 1917, fizeram grandes empréstimos aos aliados.

Com a maior parte dos homens em combate, as mulheres foram chamadas para trabalhar nas fábricas e em todas as atividades, nas cidades e no campo. O trabalho feminino garantia o sustento das famílias. Milhares de mulheres se alistaram como enfermeiras nos hospitais de campanha. Também adolescentes, idosos, prisioneiros e habitantes das colônias participaram do esforço de guerra.

À média que a guerra se prolongava, cresciam as dificuldades da população: racionamento, falta de alimentos, aumento da jornada de trabalho nas fábricas, alta de preços, além das perdas materiais e humanas. Para manter o moral dos soldados e dos civis, os governos recorreram à propaganda. Cartazes, revistas, jornais, livros, cadernos escolares e até embalagens de cigarros e alimentos traziam imagens e frases encorajadoras, apelando para o patriotismo dos cidadãos. Porém, tornava-se cada vez mais difícil manter o entusiasmo dos soldados contra o inimigo. Pouco a pouco, cresceram as deserções e os motins contra oficiais.

O balanço da guerra foi trágico: entre 9 e 10 milhões de mortos. Por toda parte restaram cidades destruídas, regiões agrícolas devastadas e enormes dívidas de guerra. O Tratado de Versalhes, de 1919, que firmou a paz, considerou a Alemanha culpada pela guerra e lhe impôs pesadas condições: perda de colônias na África e de parte de seus territórios; desmilitarização e pagamento de uma alta indenização aos aliados.

A guerra acabou com os grandes impérios da Alemanha, da Áustria, da Turquia e da Rússia, esta última abalada também por uma revolução interna. Formaram-se novos países na Europa e no Oriente Médio. Os países europeus perderam a supremacia mundial para os estados Unidos, que saíram da guerra como a maior potência capitalista.