terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Para as turmas do EAT Paulo Falcão. (1ª aula)

Qual a importância da história na sociedade.
A palavra história é de origem grega “historiem” que é “procurar saber”, “informar-se”, história significa procurar. (Jacques Le Goff)
A historia estuda a vida humana através do tempo. Estuda o que homens e mulheres, de todas as idades, fizeram, pensaram ou sentiram como seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico alarga a compreensão das pessoas como seres que constroem seu tempo.

● Para que estudar história?
Ela busca explicar as permanências e as regularidades das formações sociais quanto às mudanças e as transformações que se estabelecem no embate (luta) das ações humanas.

● Por que o passado acaba interferindo no presente?
O passado humano constituiu um conjunto de comportamentos intimamente interligados que tem uma razão de ser, ainda que, na maioria das vezes, imperceptível aos nossos olhos. Porém ao analisarmos o passado e confrontá-lo com acontecimentos do presente passamos a entender melhor o cotidiano.

● O tempo e a história.
A dimensão do tempo é considerada uma das categorias do conhecimento histórico. O tempo representa um conjunto complexo de vivências humanas. Por isso a necessidade de relacionar as diferentes formas de criar o tempo e os períodos propostos, e de situar os acontecimentos históricos nos seus respectivos tempos.

● O tempo de hoje é igual ao de ontem?
O tempo continua igual, porém com tantos afazeres temos a impressão que o dia ficou mais curto. No século XVI no interior da França o tempo era contado pelo nascente e poente do Sol, já na sociedade industrial contemporânea o tempo é ditado pelo relógio.
OBS.: o homem e a história acabam tendo um grande relacionamento, pois esta relação torna o homem agente do tempo histórico.

● A historiografia (estudo histórico e escrito) informa a verdade absoluta?
Ela não deve ter essa pretensão, pois a história como forma de conhecimento, é uma atividade contínua de pesquisa.

● Não existe verdade absoluta
Face de Espelho
Há muitos anos vivia na Índia um rei sábio e muito culto. Já havia lido todos os livros do reino. Seus conhecimentos eram numerosos como os grãos de areia do rio Ganges. Muitos súditos e ministros, para agradar o rei, também se aplicaram aos estudos e as leituras dos velhos livros. Mas viviam disputando entre si quem era o mais conhecedor, inteligente e sábio. Cada um se arvorava em ser o dono da verdade e menosprezava os demais.
O rei se entristecia com essa rivalidade intelectual. Resolveu, então, dar-lhes uma lição. Chamou-os todos para que presenciassem uma cena no palácio. Bem no centro da grande sala do trono estavam alguns belos elefantes. O rei ordenou que os soldados deixassem entrar um grupo de cegos de nascença.
Obedecendo às ordens reais, os soldados conduziram os cegos para os elefantes e guiando-lhes as mãos, mostraram-lhes os animais. Um cego agarrou a perna de um elefante; outro segurou a cauda; outro tocou a barriga; outro, as costas; outro apalpou as orelhas; outro a presa; outro, a tromba.
O rei pediu que cada um examinasse bem, com as mãos, a parte que lhe cabia. Em seguida, mandou-os vir à sua presença e perguntou-lhes:
-Como se parece um elefante?
Começou uma discussão acalorada entre os cegos.
Aquele que agarrou a perna respondeu:
-O elefante é uma coluna roliça e pesada.
-Errado!- interferiu o cego que segurou a cauda. - O elefante é tal qual uma vassoura de cabo maleável.
-Absurdo!-gritou aquele que tocou a barriga. –È uma parede curva e tem a pele semelhante a um tambor.
-Vocês não perceberam nada- desdenhou o cego que tocou as costas-O elefante parece uma mesa abaulada e muito alta.
-Nada disso!-resmungou o que tinha apalpado as orelhas- É como uma bandeira arredondada e muito grossa que não pára de tremular.
-Pois eu não concordo com nenhum de vocês- falou alto o cego que examinara a presa. –Ele é comprido, grosso e pontiagudo, forte e rígido como os chifres.
-Lamento dizer que todos vocês estão errados- disse com prepotência o que tinha segurado a tromba. – O elefante é como a serpente, mas flutua no ar.
O rei se divertiu com as respostas e virando-se para seus súditos e ministros, disse-lhes:
- Viram? Cada um deles disse a sua verdade. E nenhuma delas responde corretamente a minha pergunta. Mas se juntarmos todas as respostas poderemos conhecer a grande verdade. Assim são vocês: cada um tem sua parcela de verdade. Se souberem ouvir e compreender o outro e se observarem o mundo de diferentes ângulos, chegarão ao conhecimento e à sabedoria. (Conto do Budismo chinês, “Face-de-Espelho”, recontado pela autora. In: HOLANDA,A. B. Mar de Histórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1980.v 1)
REFLITA OPOS LER O TEXTO À CIMA: “A história que se escreve está intensamente ligada à história que se vive.” Analisar a frase e refletir sobre a objetividade nos estudos históricos.
● A história escrita não pode ser isolada de sua época. Ela reflete o historiador e o tempo em que ele vive. Por isso, a objetividade histórica é sempre muito relativa: as intenções dos historiadores não podem ser consideradas verdades absolutas, variando de acordo com as mudanças ocorridas no presente histórico.

● Em que consiste o trabalho do historiador?
Serve para investigar e interpretar as ações humanas de modo a compreender o processo histórico.
OBS.: a palavra história é polissêmica, possui vários significados como:
- História de ficção: são as histórias existentes em alguns livros, nas novelas, nos filmes. Às vezes são inspiradas em conhecimentos de épocas, porém retirada da cabeça das pessoas.
- História de um processo vivido: fatos que ocorreram na vida de uma pessoa ou de um grupo social, suas lutas e sonhos, as alegrias e tristezas, sempre com base na memória.
- História do conhecimento: é quando procura se entender como os seres humanos viveram e se organizaram desde o passado mais remoto até os dias de hoje. Parra assim poder desvendar a historicidade (a condição histórica) das vivências humanas. Tudo isso se dá através do conhecimento que acaba por transformar a história na busca do saber voltado para a compreensão da vida dos seres humanos e das sociedades ao longo dos tempos.
REFLITA: Podemos relacionar essas formas de história? Por quê?
● Sim, já que ao estudarmos a história tanto a ficção e a história vivida pelas pessoas podem fazer parte da história do conhecimento e com isso nos ajuda a entender como pensavam, como se influenciavam, como se relacionavam. Nisso a ficção pode nos ajudar, principalmente no lado cultural. Ao pesquisarmos sobre os lugares e como as pessoas viviam vamos precisar saber do processo de vida desse grupo.

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