sábado, 4 de maio de 2013

I Guerra Mundial.


A Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Um encadeamento de crises.

Ao terminar o século XIX, quase todos os países viviam sob a supremacia européia. A expansão imperialista, a superioridade industrial e o poderio financeiro deram à Europa o controle mundial. Era o centro de decisão, e tudo o que ali se passava repercutia no restante do mundo. Internamente, os países europeus gozavam de tranqüilidade social e dos benefícios materiais propiciados pelos avanços tecnológicos. Devido a essas condições, chamou-se Belle Époque (Bela Época) ao período situado entre 1890 e 1914.

Mas o clima de paz da Belle Époque era aparente. Havia muitos pontos de conflito entre os países europeus. A França não aceitava a perda da Alsácia-Lorena, ocorrida em 1871, para a Alemanha. Confrontos militares entre franceses e alemães pela posse de Marrocos (em 1905, 1911 e 1912) agravaram ainda mais a rivalidade entre os dois países.

A Alemanha era uma importante potência industrial. Superava os ingleses na produção de aço e ferro, fabricava máquinas, armamentos, navios e automóveis de excelente qualidade e sua indústria química não tinha rivais. Interessado em conquistar o mercado consumidor do Império Turco (ou Otomano), o governo alemão planejava construir a ferrovia Berlim-Bagdá, que daria acesso às populações orientais.

A Inglaterra sentia-se ameaçada com o crescimento econômico da Alemanha. Além disso, o imperador alemão não escondia suas pretensões expansionistas na Europa: defendia a união de todos os povos de língua alemã e proclamava suas idéias em favor da guerra.

O Império Otomano, em decadência, enfrentava numerosos movimentos nacionalistas na região dos Bálcãs. Outros países aproveitaram-se dessas guerras separatistas para tomarem territórios. A Austra-Hungria anexou a Bósnia-Herzegovina ao seu império. O pequeno reino da Sérvia planejou formar a “Grande Sérvia” e ocupar os territórios austríacos e dos turcos. A Rússia desejava os estreitos de Bósforo e Dardanelo, o que lhe daria uma saída para o mar Mediterrâneo.

O Império Russo se proclamou protetor das minorias eslavas, como os tchecos, búlgaros, macedônios e iugoslavos, apoiando seus movimentos separatistas. Essa política provocou tensões com a Austria-Hungria, cujo império multinacional reunia austríacos, alemães, húngaros, romenos, italianos e eslavos (entre eles, a população da Bósnia).

A Grande Guerra.

As hostilidades entre países europeus levaram à formação de blocos antagônicos. De um lado a Alemanha, a Áustria-Hungria e Italiana, que formaram a Tríplice Aliança. De outro, a Grã-Bretanha, a França e a Rússia, que formaram a Tríplice Entente.

Para se proteger, ao mesmo tempo, superar e intimidar seus rivais, cada país tratou de melhorar seu equipamento bélico. Aumentou-se a produção de fuzis, metralhadoras e canhões alem de aperfeiçoarem as frotas, além do estímulo á invenção de novas armas, como lança-chamas e o gás venenoso. O serviço militar tornou-se obrigatório em quase todos os países europeus. As fronteiras foram fortificadas. A Europa preparava-se para a guerra.

Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, em visita diplomática a Sarajevo, na Bósnia, foi assassinado junto com a esposa por um jovem sérvio (28/06/1914). Acusando a Sérvia de favorecer o atentado, a Áustria-Hungria declarou-lhe guerra um mês depois. Os pactos entre os países de cada bloco foram acionados. Em uma semana, seis países estavam em guerra: Áustria-Hungria e Alemanha (a Itália não os acompanhou na declaração de guerra) – as chamadas potências centrais – contra Sérvia, Rússia, França e Inglaterra – os aliados. Começava a Primeira Guerra Mundial.

Animados por um nacionalismo chauvinista e xenófobo, milhares de jovens seguiram para os combates. Desrespeitando a neutralidade da Bélgica, tropas alemãs invadiram o país e chegaram ao norte da França. Ali permaneceram abrigados em trincheiras, valas protegidas por arames farpados. Poucos quilômetros à frente, os soldados franceses estavam também entrincheirados. Por três anos e meio, os combates do lado ocidental estabilizaram-se numa guerra de posições em que se procurava vencer o inimigo lenta e progressivamente.

A maioria dos combates ocorreu na Europa, mas, com a entrada de outros países na guerra, a luta estendeu-se a outros continentes. Em 1917, a Rússia, convulsionada por uma revolução interna, retirou-se da Guerra. No mesmo ano, os submarinos alemães começaram a atacar navios mercantes que transportavam suprimentos aos aliados. A ação provocou a declaração de guerra dos Estados Unidos à Alemanha.

Em 1918, diante de pesadas derrotas e de revoltas da própria população, esgotada pela guerra, o imperador da Alemanha renunciou. Foi proclamada a República alemã, e o novo governo declarou o cessar-fogo. Terminava a Grande Guerra.

Mudanças provocadas pela guerra.

A Primeira Guerra Mundial. Trouxe profundas mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais.

Durante o conflito, os governos dos países combatentes passaram a dirigir a economia para garantir o fornecimento de armas, munições e suprimentos aos soldados, além do abastecimento à população civil. Cresceram as importações de carvão, ferro, nitrato do Chile (para fabricação de explosivos), alimentos e tecidos, entre outros itens. Para custear as despesas de guerra, os países europeus contraíram enormes dívidas. Os estados Unidos, apesar de neutros até 1917, fizeram grandes empréstimos aos aliados.

Com a maior parte dos homens em combate, as mulheres foram chamadas para trabalhar nas fábricas e em todas as atividades, nas cidades e no campo. O trabalho feminino garantia o sustento das famílias. Milhares de mulheres se alistaram como enfermeiras nos hospitais de campanha. Também adolescentes, idosos, prisioneiros e habitantes das colônias participaram do esforço de guerra.

À média que a guerra se prolongava, cresciam as dificuldades da população: racionamento, falta de alimentos, aumento da jornada de trabalho nas fábricas, alta de preços, além das perdas materiais e humanas. Para manter o moral dos soldados e dos civis, os governos recorreram à propaganda. Cartazes, revistas, jornais, livros, cadernos escolares e até embalagens de cigarros e alimentos traziam imagens e frases encorajadoras, apelando para o patriotismo dos cidadãos. Porém, tornava-se cada vez mais difícil manter o entusiasmo dos soldados contra o inimigo. Pouco a pouco, cresceram as deserções e os motins contra oficiais.

O balanço da guerra foi trágico: entre 9 e 10 milhões de mortos. Por toda parte restaram cidades destruídas, regiões agrícolas devastadas e enormes dívidas de guerra. O Tratado de Versalhes, de 1919, que firmou a paz, considerou a Alemanha culpada pela guerra e lhe impôs pesadas condições: perda de colônias na África e de parte de seus territórios; desmilitarização e pagamento de uma alta indenização aos aliados.

A guerra acabou com os grandes impérios da Alemanha, da Áustria, da Turquia e da Rússia, esta última abalada também por uma revolução interna. Formaram-se novos países na Europa e no Oriente Médio. Os países europeus perderam a supremacia mundial para os estados Unidos, que saíram da guerra como a maior potência capitalista.

 

 

 

 

 

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