quinta-feira, 9 de maio de 2013

Revolução Inglesa.


A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA

As palavras, muitas vezes, são testemunhas que falam mais que os documentos. Consideremos algumas palavras que foram inventadas, ou ganharam seus significados modernos, substancialmente no período de 1789-1848, palavras como “indústria”, “industrial”, “fábrica”, “classe média”, “classe trabalhadora”, “capitalismo” e ”socialismo”. Ou ainda “aristocracia”, “ferrovia”, “liberal” e “conservador” (como termos políticos), “nacionalidade”, “cientista”, “engenheiro”, “proletariado” e “crise” (como termos econômicos). ”Utilitário”, “estatística”, “sociologia” e vários outros nomes das ciências modernas, “jornalismo” e “ideologia”, todas elas cunhagens ou adaptações deste período. Como também “greve” e “pauperismo”. (Adaptado de HOBSBAWM, J. ERIC. A Era das Revoluções. 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 1997, p.17)

DA OFICINA ARTESANAL À FÁBRICA MODERNA

Produção artesanal:

• O artesão possuía os meios de produção (oficina, ferramentas etc.).

• Realizava todas as etapas da produção.

• Trabalhava em família, admitia auxiliares, (ganhavam por dia). Na oficina, também existiam aprendizes.

• As oficinas organizavam-se em corporações de ofício.

Chamamos de Revolução Industrial o processo que consistiu na substituição da produção artesanal na produção de mercadorias pelas fábricas, provocando transformações na organização social. A Revolução Industrial ocorreu, na Inglaterra, no século XVIII.

Por que o pioneirismo inglês?

Ao término da Revolução Gloriosa de 1688, a burguesia inglesa conseguiu impor limites ao poder do rei e criou uma política econômica baseada na livre iniciativa. Essas medidas permitiram à Inglaterra conquistar mercados coloniais em diversas partes do mundo, já que possuía a mais poderosa frota naval da época. Esse acesso aos mercados mundiais deu aos ingleses condições para a industrialização: capital, matérias-primas e mercado consumidor. Internamente, durante os séculos XVI e XVII, milhares de camponeses foram expulsos de suas terras, para que fossem transformadas em pastagens para criação de ovelhas, produção de lã, matéria-prima para a indústria de tecidos. O cercamento dos campos provocou uma grande migração para as cidades.

A DIVISÃO DE TRABALHO NAS FÁBRICAS.

O desenvolvimento das máquinas foi importante para a expansão da Revolução Industrial. A divisão do trabalho foi fundamental para o crescimento da produção das fábricas. Com a divisão do trabalho, cada operário recebia uma tarefa diferente, o que promovia um aumento da produção. Se uma pessoa realizar sozinha as cinco fases, por exemplo, na fabricação de um produto produzirá apenas uma unidade por dia. Dividindo as tarefas, cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das fases, poderão produzir 10 unidades em um dia de trabalho.

CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA.

1.      Fábricas: utilização de máquinas e divisão do trabalho. O trabalhador não tem controle do processo de produção. Mercadorias de melhor qualidade e mais baratas.

2.      Expansão colonialista: conseguir matérias-primas e novos mercados consumidores.

3.      Migração do campo e crescimento da população urbana: péssimas condições de trabalho, excessiva jornada de trabalho, mão de obra mais barata.

4.      Expansão do capitalismo, melhoria das comunicações e meios de transportes. Surgimento dos operários industriais.

A MÁQUINA A VAPOR E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA.

A máquina a vapor foi inventada por Thomas Newcomen. Ela tinha um baixo rendimento e consumia muito carvão. James Watt procurou reduzir as perdas de energia da máquina e assim multiplicar sua utilização. Em 1768, ele registrou os primeiros aperfeiçoamentos que fizeram dele, de fato, o inventor de uma máquina a vapor digna deste nome. Em 1786, dispunha de um aparelho que podia ser adaptado não somente a uma bomba como também a um moinho, a uma tecedeira etc. James Watt, que era um simples técnico, teve a oportunidade de associar-se ao industrial Boulton que o encorajou e o apoiou durante esses duros anos de luta. O nome de Watt foi dado à unidade de medida da força necessária a uma máquina para efetuar um determinado trabalho num segundo. Vulgarmente empregado em eletricidade, o watt é usado nas lâmpadas elétricas, cuja potência define com precisão. (GABALDA, J e BEAULIEU, R. Naquele dia aconteceu. Lisboa, Bertrand, 1981, p.16)

Obs.: A máquina a vapor, aperfeiçoada por James Watt para a Revolução Industrial Inglesa, reduziu as perdas de energia e multiplicou a sua utilização.

A Revolução Industrial Inglesa e o seu alto custo social:

1.      Os artesãos empobreceram, pois suas antigas formas de produção não permitiam que competisse com o ritmo de produção das fábricas.

2.      Os camponeses, expulsos do campo, ficaram em uma situação miserável e, assim como os artesãos, foram forçados a se dirigir para os centros urbanos industriais para trabalhar nas fábricas, vendendo sua força de trabalho.

Nos centros industriais, antigos artesãos e camponeses eram obrigados a viver em péssimas condições. Além dos baixos salários que recebiam, faltavam condições básicas como moradia, educação e saúde. Os trabalhadores não tinham quaisquer direitos e vários protestos e revoltas ocorreram e foram duramente reprimidas pelos donos das indústrias e pelo governo.

Além dos protestos e revoltas dos trabalhadores, vários pensadores denunciaram as condições de trabalho impostas aos operários. Leia o que Marx e Engels escreveram a respeito do trabalho nas fábricas modernas: “A indústria moderna transformou a pequena oficina do antigo patrão patriarcal na grande fábrica do burguês capitalista. Massas de operários, amontoados na fábrica, são organizados militarmente. São como soldados industriais, estão sob a vigilância de uma hierarquia completa de oficiais e suboficiais. Não são somente escravos da classe burguesa, do Estado burguês, mas ainda diariamente, a toda hora, escravos da máquina, do contramestre e, sobretudo, do dono da fábrica. Quanto mais esse despotismo proclama abertamente o lucro como seu fim único, tanto mais é mesquinho, odioso e exasperador.” (MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Editorial Vitória, 1948.)

A exploração do trabalho de mulheres e crianças.

Uma das consequências sociais da Revolução Industrial Inglesa foi a exploração do trabalho de mulheres e crianças. Os donos das fábricas achavam que mulheres e crianças eram mais submissas à disciplina do sistema fabril. Recebiam menos por seus trabalhos e eram obrigadas a uma jornada de trabalho que, às vezes, chegava a dezesseis horas, em ambientes precários.

 

Retirado e adaptado da Apostila de História da Coordenadoria de Educação do Rio de Janeiro de 2012 das páginas 2 a 11.

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