A REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL INGLESA
As palavras, muitas vezes, são testemunhas que falam mais
que os documentos. Consideremos algumas palavras que foram inventadas, ou
ganharam seus significados modernos, substancialmente no período de 1789-1848,
palavras como “indústria”, “industrial”, “fábrica”, “classe média”, “classe
trabalhadora”, “capitalismo” e ”socialismo”. Ou ainda “aristocracia”,
“ferrovia”, “liberal” e “conservador” (como termos políticos), “nacionalidade”,
“cientista”, “engenheiro”, “proletariado” e “crise” (como termos econômicos).
”Utilitário”, “estatística”, “sociologia” e vários outros nomes das ciências
modernas, “jornalismo” e “ideologia”, todas elas cunhagens ou adaptações deste
período. Como também “greve” e “pauperismo”. (Adaptado de
HOBSBAWM, J. ERIC. A Era das Revoluções. 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra,
1997, p.17)
DA OFICINA ARTESANAL À FÁBRICA MODERNA
Produção
artesanal:
•
O artesão possuía os meios de produção (oficina, ferramentas etc.).
•
Realizava todas as etapas da produção.
•
Trabalhava em família, admitia auxiliares, (ganhavam por dia). Na oficina,
também existiam aprendizes.
•
As oficinas organizavam-se em corporações de ofício.
Chamamos
de Revolução Industrial o processo que consistiu na substituição da produção
artesanal na produção de mercadorias pelas fábricas, provocando transformações
na organização social. A Revolução Industrial ocorreu, na Inglaterra, no século
XVIII.
Por que o
pioneirismo inglês?
Ao
término da Revolução Gloriosa de 1688, a burguesia inglesa conseguiu impor
limites ao poder do rei e criou uma política econômica baseada na livre
iniciativa. Essas medidas permitiram à Inglaterra conquistar mercados coloniais
em diversas partes do mundo, já que possuía a mais poderosa frota naval da
época. Esse acesso aos mercados mundiais deu aos ingleses condições para a
industrialização: capital, matérias-primas e mercado consumidor. Internamente,
durante os séculos XVI e XVII, milhares de camponeses foram expulsos de suas
terras, para que fossem transformadas em pastagens para criação de ovelhas,
produção de lã, matéria-prima para a indústria de tecidos. O cercamento dos
campos provocou uma grande migração para as cidades.
A DIVISÃO DE
TRABALHO NAS FÁBRICAS.
O
desenvolvimento das máquinas foi importante para a expansão da Revolução
Industrial. A divisão do trabalho foi fundamental para o crescimento da
produção das fábricas. Com a divisão do trabalho, cada operário recebia uma
tarefa diferente, o que promovia um aumento da produção. Se uma pessoa realizar
sozinha as cinco fases, por exemplo, na fabricação de um produto produzirá
apenas uma unidade por dia. Dividindo as tarefas, cinco trabalhadores, cada um
especializado em uma das fases, poderão produzir 10 unidades em um dia de
trabalho.
CONSEQUÊNCIAS DA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA.
1.
Fábricas: utilização de máquinas e divisão do trabalho. O
trabalhador não tem controle do processo de produção. Mercadorias de melhor
qualidade e mais baratas.
2.
Expansão colonialista: conseguir matérias-primas e novos
mercados consumidores.
3.
Migração do campo e crescimento da população urbana:
péssimas condições de trabalho, excessiva jornada de trabalho, mão de obra mais
barata.
4.
Expansão do capitalismo, melhoria das comunicações e meios
de transportes. Surgimento dos operários industriais.
A MÁQUINA A VAPOR E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL INGLESA.
A máquina a vapor foi inventada por Thomas Newcomen. Ela
tinha um baixo rendimento e consumia muito carvão. James Watt procurou reduzir
as perdas de energia da máquina e assim multiplicar sua utilização. Em 1768, ele
registrou os primeiros aperfeiçoamentos que fizeram dele, de fato, o inventor
de uma máquina a vapor digna deste nome. Em 1786, dispunha de um aparelho que
podia ser adaptado não somente a uma bomba como também a um moinho, a uma
tecedeira etc. James Watt, que era um simples técnico, teve a oportunidade de
associar-se ao industrial Boulton que o encorajou e o apoiou durante esses
duros anos de luta. O nome de Watt foi dado à unidade de medida da força
necessária a uma máquina para efetuar um determinado trabalho num segundo.
Vulgarmente empregado em eletricidade, o watt é usado nas lâmpadas elétricas,
cuja potência define com precisão. (GABALDA, J e
BEAULIEU, R. Naquele dia aconteceu. Lisboa, Bertrand, 1981, p.16)
Obs.: A máquina a vapor, aperfeiçoada por James Watt
para a Revolução Industrial Inglesa, reduziu as perdas de energia e multiplicou
a sua utilização.
A Revolução Industrial Inglesa e o seu alto custo
social:
1. Os
artesãos empobreceram, pois suas antigas formas de produção não permitiam que
competisse com o ritmo de produção das fábricas.
2. Os
camponeses, expulsos do campo, ficaram em uma situação miserável e, assim como
os artesãos, foram forçados a se dirigir para os centros urbanos industriais
para trabalhar nas fábricas, vendendo sua força de trabalho.
Nos centros industriais, antigos artesãos e camponeses eram
obrigados a viver em péssimas condições. Além dos baixos salários que recebiam,
faltavam condições básicas como moradia, educação e saúde. Os trabalhadores não
tinham quaisquer direitos e vários protestos e revoltas ocorreram e foram
duramente reprimidas pelos donos das indústrias e pelo governo.
Além dos protestos e revoltas dos trabalhadores, vários
pensadores denunciaram as condições de trabalho impostas aos operários. Leia o
que Marx e Engels escreveram a respeito do trabalho nas fábricas modernas: “A
indústria moderna transformou a pequena oficina do antigo patrão patriarcal na
grande fábrica do burguês capitalista. Massas de operários, amontoados na
fábrica, são organizados militarmente. São como soldados industriais, estão sob
a vigilância de uma hierarquia completa de oficiais e suboficiais. Não são
somente escravos da classe burguesa, do Estado burguês, mas ainda diariamente,
a toda hora, escravos da máquina, do contramestre e, sobretudo, do dono da
fábrica. Quanto mais esse despotismo proclama abertamente o lucro como seu fim
único, tanto mais é mesquinho, odioso e exasperador.” (MARX,
K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro: Editorial
Vitória, 1948.)
A exploração do trabalho de mulheres e crianças.
Uma das consequências sociais da Revolução Industrial
Inglesa foi a exploração do trabalho de mulheres e crianças. Os donos das
fábricas achavam que mulheres e crianças eram mais submissas à disciplina do
sistema fabril. Recebiam menos por seus trabalhos e eram obrigadas a uma
jornada de trabalho que, às vezes, chegava a dezesseis horas, em ambientes
precários.
Retirado e adaptado da Apostila de História da
Coordenadoria de Educação do Rio de Janeiro de 2012 das páginas 2 a 11.
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